samedi 6 septembre 2014

enfermagem no Québec (post em português) - capitulo 5

Acompanhando a novela?
Os capitulos anteriores estao com a tag *saga*, ou aqui =

O principio , estagiaria = capitulo 1
Antes do exame, fase CEPI = capitulo 2
Apos o exame, como inf. clinicienne em région = capitulo 3
Descobrindo os setores de CHSLD e CLSC = capitulo 4

Bem, aventura em région havia terminado, depois de maravilhosos 1,5 anos. Acho que estaria la até hoje, se nao fosse a dificuldade em conseguir um job pro conjoint (consenso entre nos 2, ele diz a mesma coisa!).


De comum acordo, decidimos voltar para Montréal, e consegui emprego num CLSC, justamente na area de EFJ! Eu havia mandado 2 CV, os 2 CSSS me chamaram e eu optei por um que me oferecia um desafio a mais, lidar com uma clientela pobre em Montréal. 


Pobre no Canada ? Sim, isso existe. Fui trabalhar no bairro de Parc-Extension, no centro-norte de Montréal. 


Quer saber sobre Parc-Ex? Aqui = reportagem Radio Canada




Depuis plusieurs décennies, ce quartier du centre-nord de Montréal est une importante terre d’accueil pour les nouveaux arrivants. Provenant de plus de 80 groupes culturels différents, ceux qui l’habitent ont vécu un important déracinement. Plusieurs n’y sont que de passage, le temps de s’organiser pour trouver mieux ailleurs. D’autres, dont les espoirs ont dû être mis en veilleuse, y restent plus longtemps.
Parc-Extension est un quartier relativement jeune. D’abord essentiellement agricole, ce territoire est annexé à Montréal en 1910. Au cours des deux décennies qui suivront, des Écossais, des Irlandais et des immigrants en provenance de l’Europe de l’Est s’y établissent. En 1931, le Canadien Pacific construit la gare Jean-Talon, la Park Avenue Station, dans un espace perçu comme le prolongement de l’avenue du Parc. ce qui explique le nom donné au quartier. Peu à peu, industries et manufactures s’installent à proximité et attirent des travailleurs qui élisent domicile dans les environs.
Au cours des années 1960, Parc-Extension est surnommé la Petite Grèce, car les Grecs y sont majoritaires. Aujourd’hui, ils représentent 23 % de sa population, alors que Pakistanais, Sri Lankais, Indiens et Bangladais en représentent près de 50 %, et Haïtiens, 5 %. La langue maternelle de 80 % des résidants du quartier n’est ni le français ni l’anglais, et la moitié de la population vit sous le seuil de pauvreté.
Parc-Extension fait 1,6 kilomètre carré, et la densité de sa population est aujourd’hui plus de 5 fois supérieure à la moyenne montréalaise. L’espace du quartier est restreint et, à la maison, les familles, qui comptent plusieurs enfants, sont à l’étroit. Installations sportives et culturelles étant peu abondantes dans leur environnement, un certain nombre de jeunes vivent donc dans la rue et passent le temps dans les deux stations de métro qui desservent le quartier ou dans le complexe William-Hingston, où logent une vingtaine d’organismes communautaires, dont ils fréquentent le gymnase le plus souvent possible.
À partir du secondaire, le taux de décrochage est élevé chez les garçons, et les filles sont souvent retenues à la maison pour aider la famille; 41 % des 15-24 ans de Parc- Extension ne fréquentent pas l’école à temps plein ni ne travaillent à temps plein, et 30,6 % des 20 ans et plus ont moins d’une 9e année.
Dans ce quartier où la moitié de la population n’a pas encore 35 ans, la jeunesse est quotidiennement confrontée aux problèmes de gangstérisme, de drogue et de violence. Dans les parcs et dans la rue, c’est la tolérance zéro en ce qui concerne les attroupements de jeunes.
source = http://www3.nfb.ca/aventures/videoparadiso/excursionWeb/parcextension.php


Quem diria que a pobreza esta tao proxima de nos? Obvio que nao ha favelas no Canada, mas vi familias de 10 pessoas vivendo em minusculos 3 e meio em subsolos infectos e insalubres, e bebezinhos recém nascidos sem bercinhos nem fraldas. Os desafios sociais de Parc-ex ultrapassavam de longe os desafios técnicos.
E desafios sociais sao instigantes!
Como enfermeira na equipe de EFJ, eu assumia as vacinas (ja tinha a formaçao do PIQ, feita em Témis) , as visitas de pos parto e os grupos de pré-parto, além da clientela OLO.
O CLSC nao oferecia o curso pré-natal propriamente dito, mas a cada duas semanas tinhamos um grupo aberto às gestantes, com temas recorrentes como alimentaçao, amamentaçao, o parto em si, além de oferecer os cupons OLO (falarei do OLO logo mais!) ... era bem bacana, eu fazia parte do modulo *urgências com bebê*, e 1x por mês participava com a nutricionista no atelier de papinhas. Eram encontros de 3h, super produtivos e bilingues, algumas vezes até com intérpretes (muitas de nossas pacientes nao falavam absolutamente NADA de inglês ou de francês!).
A cada duas semanas igualmente, tinhamos o grupo pos-parto, onde basicamente deixavamos uma balança para pesar os bebês, estimulavamos a integraçao entre as mamaes e davamos suporte ao aleitamento, além de responder as inumeras questoes. A éducatrice participava desses encontros e ela era a porta de entrada para a identificaçao de pequenos problemas de desenvolvimento nos irmaozinhos mais velhos. As familias inteiras eram convidadas! Eram encontros de 2h.
Uma visita pos parto segue um protocolo, o primeiro contato é telefônico, apenas para identificar a gravidade do caso. Em Parc-Ex, pelas caracteristicas da clientela, ofereciamos a visita à TODAS as mamaes, pouco importa se primigesta ou 10a gesta! Em alguns CLSC apenas as primigestas recebem a visita, as outras recebem apenas o contato telefônico.
Éramos 6 infirmières (sendo 2 techniciennes, embora a OIIQ insista que apenas cliniciennes ocupem postos em CLSC), 3 assistentes sociais (TS), 1 nutricionista, 1 educadora e 2 AFS (Ajudante familiar). A ASI raramente se ocupava de pacientes, ele assumia mais a parte burocratica mesmo. Uma das enfermeiras era exclusiva ao programa SIPPE (informaçoes aqui = SIPPE). Eu fazia parte da equipe que atendia a clientela OLO e a clientela geral.
O programa OLO (OLO) destina-se à mulheres de baixa renda, e isso era quase 75% do meu caseload. Em quase 100% dos casos OLO eu dividia o prontuario com uma TS. Sou amiga dessa TS até hoje, conseguimos sair da relaçao profissional, coisa rara aqui em Québec! (adultos fazem amizades com muito mais dificuldade, tenho poucos e bons amigos por aqui, feitos lentamente ao longo desses 7 anos. Obvio que mudar de local de trabalho e de cidade como cigano nao ajuda muito, abafa!). Alguns casos eram tao complexos que todos os profissionais eram envolvidos e ainda pediamos *emprestado* profissionais de outros departamentos, como ergoterapeutas e psicologos! Para fazer parte do programa OLO, as gestantes passavam por uma primeira avaliaçao, que levava uns 90 minutos. Uma vez inscritas no programa, os cupons de leite, ovos e vitaminas era fornecido nos encontros pré-natais feitos quinzenalmente. Para essas familias que vivem na linha da miséria, esses cupons ajudam um bocado. E contavamos com a ajuda de varias ONG, entre elas a meubles et monde, que tem por objetivo ajudar os novos imigrantes ou residentes do bairro com moveis usados em bom estado. O bebezinho que nao tinha bercinho? Ganhou um graças à um generoso apelo lançado por meubles et monde, foi um dia emocionante! A equipe se reunia 1x ao mês para discutir os casos complexos, era o momento onde apresentavamos a problematica e os outros membros da equipe nos forneciam seus pontos de vista e suas opinioes. Quando implicar um AFS? Quando retirar o serviço? Quando aumentar a frequência de visitas, e quando denunciar um caso para a DPJ ? (directeur de protection de la jeunesse). Apesar da rotina e da previsibilidade clinica da clientela, as condiçoes humanas e o historico daqueles pacientes deixava a pratica em EFJ nada monotona! Comemoravamos cada demandeur d'asile que obtinha sua aceitaçao, as TS iam até os foruns. Vibravamos com os prematurinhos que ganhavam peso, mesmo considerando as condiçoes de extrema pobreza (para padrao canadense!) em que viviam.
Era um choque de realidade, aquelas familias agradeciam cada gesto, por mais simples que fosse. Trabalhar em Parc-Ex me fez descobrir as delicias da cozinha indiana e as agruras da pobreza montrealense. Aprendi como denunciar um apartamento em condiçoes insalubres, como oferecer conselhos de alimentaçao adaptados ao bolso de quem ganha salario minimo e sustenta uma familia toda, acompanhei casos graves e outros bem simples. Nem todas clientes eram do programa OLO, mas sao essas que marcaram minha passagem. 
E dai recebiamos o aviso de nascimento ... As visitas pos parto, que delicia de trabalho! Tentavamos ao maximo acompanhar as mesmas clientes que tinhamos desde o pré natal, mas Parc-Ex nao tem so clientes OLO e às vezes recebiamos avisos de nascimento de mamaes sem dossiê no departamento. Muitas familias gregas ainda moram por la, e na tradiçao grega a nova mamae fica 40 dias em casa com o bebê, sem sair. As novas mamaes gregas iam entao para as casas das vovos, e era la que faziamos as visitas. Em geral eram os casos mais *classe média* que tinhamos, 1 ou 2 visitas no maximo. Acompanhar os primeiros dias de uma nova vida, avaliar mamae e bebê, verificar amamentaçao, pesar, ver a cicatriz da ceséarea e efetuar depistagem de depressao pos parto. Cada visita levava em média 1h, e como Parc-Ex é pequeno como territorio, conseguia fazer as visitas a pé ou de bus,  2 visitas por cada meio periodo, no maximo.  Em casos de problemas de amamentaçao, podiamos contar com o auxilio inestimavel de uma consultora. O CSSS estava recebendo o selo *ami des bébés* e eu estava envolvida no projeto, era a responsavel pelo treinamento para os que nao eram profissionais da area da saude (pessoal da recepçao, AFS, equipes de apoio, etc) = sempre adorei participar de projetos de melhoria, e nao recusei quando me propuseram essa funçao, mesmo sabendo que teria um treinamento intensivo de 4 semanas na Santé Publique e muitas outras reunioes na sequência. Minha ASI sabia que eu estava em contemplaçao para o curso de IPS e mesmo assim ela me inscreveu como representante. Achei um reconhecimento fantastico. Se a Laval nao tivesse aceitado minha demanda para o mestrado IPS, estaria la, até hoje (ops, ja ouvimos esse discurso rsrsrsrsrs. Com exceçao do bloco operatorio, so tenho boas lembranças dos locais onde trabalhei, me sinto uma felizarda!).
Meus horarios eram invejaveis, nao é a toa que enfermeiros adoram trabalhar no comunitario = trabalhava das 9 às 17 e fazia 1 sabado a cada 6. Aos sabados tinhamos a parte da manha para as vacinas e a parte da tarde de stand-by, para uma segunda ou terceira visita pedida pelas colegas ou para um caso urgente recebido via sistema informatizado. Por varias vezes passei os sabados sem fazer nada, so lendo e aprimorando meus conhecimentos.
As clinicas de vacinaçao eram momentos agradaveis, com 30 minutos para cada paciente e uma oportunidade de fazer uma rapida analise da situaçao. Nao ofereciamos uma avaliaçao completa, mas o basico estava la: peso, altura, perimetro craniano e uma breve observaçao sobre amamentaçao, desenvolvimento e evoluçao. Caso uma mamae mostrasse uma condiçao fisica ou psicologica que exigisse uma intervençao imediata, obvio que ofereciamos! Em geral cada enfermeira assumia 3 ou 4 meio-periodos de vacinaçao, com exceçao da enfermeira SIPPE, que pela caracteristica mais estreita do seu trabalho, assumia apenas 1 ou 2 clinicas por semana. Quando eu recebi minha aprovaçao para o mestrado, decidiram me deixar fazendo apenas as clinicas de vacinaçao. Dai foi meio *boring*, 2 semanas, manha e tarde, so vacinando e fazendo as mini-avaliaçoes, mas eu entendo o lado do CLSC.


source http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/24/OSM-Park_Extension.PNG

Foi em Parc-Ex que eu tive a oportunidade de conhecer as funçoes de uma IPS, ela acolhia bebezinhos sem pediatras e mesmo alguns daqueles parentes com doenças crônicas que nao conseguiam um médico de familia, dependendo do caso e do seu escopo de açao (geralmente o hipertenso ou diabético, como suporte até que conseguisse um MD de familia). Se eu estava realizada em Témis fazendo um mix de perinato e cardio, em Parc-Ex a dedicaçao exclusiva ao mundo EFJ  e o fato de conhecer um pouco mais das atribuiçoes de uma IPS me motivou a *sair da caixinha*, queria mais. E aqui estou, no caminho para me tornar uma! Com uma breve pausa no processo rsrsrs = quem nao sabe, eu terei que refazer 10 semanas de estagio, entao por enquanto voltei a atuar como infirmière clinicienne, dessa vez por uma agence de placement e fazendo basicamente SAD, soins à domicile. Vou falar disso no capitulo 6, o ultimo da saga. 
Espero que estejam curtindo, eu estou gostando bastante de contar sobre o dia-a-dia de enfermeiro aqui no Québec nessas diversas areas (lembrando que sao minhas experiências, nao sao a regra!). Boa leitura!

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